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21-06-2005

Da Hortaliça à Política


Crónica da América

Além do meu papel de "Zé das Hortas", o meu segundo passatempo é meter o bedelho nas coisas da política. É um vício, se quiserem. Uma coisa que nasceu comigo e faz parte da minha maneira de estar no mundo. E nisto de
política tem-se sempre uma opinião, que eu não vendo, mas dou de graça a todos que a quiserem aproveitar. Todos os políticos têm a mania de querer salvar o mundo. E eu também. O político "político", antigamente, no nosso
jardim à beira-mar plantado, prometia bacalhau a pataco. E para quem nunca teve fartura de conduto, uma promessa de bacalhau mais barato era como maná vindo do céu.


Aqui, na terra que nos recebeu, no tempo do Presidente Hoover, que ficou na história como o presidente da "Grande Depressão", este costumava dizer que a prosperidade estava mesmo "around the corner", e prometia "uma galinha em cada pote". Mas a prosperidade nunca veio e muitos imigrantes açorianos foram obrigados a abandonar as casas que haviam comprado e a regressar a penates, mais pobres do que vieram. Foi uma calamidade humana sem precedentes.


A desgraça do Presidente Hoover - que acreditava, como Ronald Reagan, que "o governo não é solução, mas sim o problema" deu motivo à eleição do Presidente Roosevelt, a quem alcunharam de "pai dos pobres".

A filosofia política, social e humana destes dois homens era diametralmente oposta. Hoover, republicano, era o homem do capital, dos empresários, dos milionários, dos especuladores da Bolsa.

Tudo gente de valor e iniciativa, apenas com um defeito: pensar apenas em si, na sua riqueza, nos seus luxos
e espaventos, e nos palácios de ouro e mármore que vinham construir a Newport. Os trabalhadores, para eles, eram metal barato que se comprava por "dez reis de mel coado".

Nem segurança, nem fundo de desemprego, nem
reforma, nem doutor, nem remédios, nem coisa nenhuma. Era a filosofia do capital todo poderoso e individualista. Os chamados "reis" do carvão, do aço, dos caminhos de ferro, dos petróleos, dos têxteis, eram os únicos donos da América. Estava-se na era do "capitalismo selvagem", do "salve-se quem puder".
O Presidente Roosevelt veio com uma filosofia diferente. Era democrata, pensava nos trabalhadores, na sua qualidade de vida, no futuro seu e de seus filhos, na educação, na humanização do trabalho, na dignidade do
trabalhador e seu amparo na doença, na invalidez, na velhice, na habitação decente, etc. O seu desejo, como disse, era estabelecer um "capitalismo com
face humana". Os republicanos atiravam-lhe à cara, como um insulto, o epíteto de "socialista". E socialista, ainda hoje, na cartilha dos homens do capital, é uma espécie de comunista de água morna. E, infelizmente, esse ódio ainda perdura, pelo que têm sido destroçadas parte das reformas sociais que vinham do tempo de Roosevelt. O último bastião que resta ainda de pé é o Social Security, ou Seguro Social, o Medicare, o Medicaid e pouco mais. Mas
o nosso presidente tem andado de cidade em cidade, a tentar deitar abaixo essa muralha, sob o pretexto de "reformar" o Seguro Social. Os democratas
dizem que não se trata de reformar, mas de acabar com esse resquício de "socialismo". O termo "social", é uma espécie de esconjuro para as gentes da direita radical.
E o que me faz espécie é a aliança, cada vez mais íntima, entre o dinheiro e a religião. Especialmente a religião dos "nascidos de novo", daqueles que acreditam que a "segunda vinda de Cristo" está para breve. Os evangélicos
messiânicos da extrema direita e os pastores televisivos e radiofónicos são, actualmente, os aliados dilectos do Presidente, que não perde a ocasião de dar, sempre que pode, uma palavrinha de amizade à chamada "gente da fé", "The faith people". E, pelo que tenho lido da história do mundo, tem sido um desastre, sempre que a religião esteve a dormir na mesma cama do poder político. Basta ver o que se passa no Médio Oriente e no mundo islâmico, e até na cristianíssima Irlanda do Norte. O terrorista suicida, é uma aberração politico-religiosa. A Inquisição foi uma aberração politico-religiosa. João XXIII e o Papa João Paulo II reconheceram essa nódoa negra, difícil de estirpar do passado católico.

A América tem dois partidos. O Democrata e o Republicano. Este representa e defende os interesses do grande capital, das corporações, das multi-nacionais, dos milionários. O Democrata, é o partido do "pé descalço", do trabalhador, do assalariado, do que conta apenas com a força dos braços.
Mas é também o partido da maioria dos intelectuais, dos artistas, dos jornalistas, dos que pensam não apenas em si, mas naquela figura humana a quem Cristo deu a designação de "próximo". E estas palavras que me saem do bestunto, são também, se quiserem, irmãs do próximo. Porque Deus, que eu saiba, não é republicano, como pensam alguns pobres de espírito. Cristo foi o que se pode dizer, um rebelde, um reviralhista, um revolucionário. Talvez um "socialista". Um indivíduo sem cotação na sociedade. Os seus amigos eram a ralé: os pescadores, a gente da rua. Ele teria sido um líder poderoso se se tivesse aliado às forças políticas do seu tempo. Mas Ele preferiu o povo.
E o resto, pertence à história.
Há tempos, alguém fez espírito, perguntando que marca de SUV Cristo gostaria de guiar, se viesse de novo à Terra, e em que partido gostaria de militar.
Pelo que sei das preferências do "Rabi da Galileia", estou em crer que, se começasse a falar como falou há dois mil anos, e a fazer metáforas com o camelo e o fundo da agulha, não iria parar à cruz, mas à cadeira eléctrica.
Porque os "vendilhões do templo", não perdoam.
E a missa está dita.
Amem.


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